Respeite os direitos autorais. Cite a fonte. A reprodução, total ou parcial, de conteúdo deste blog, sem a devida referência bibliográfica configura violação dos direitos do autor (Lei 9.610/98) e é crime, estabelecido no art. 184 do Código Penal.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

GABARITO - PETIÇÃO INICIAL - AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA CAUTELAR (INCIDENTAL)- ESTADO DE PERIGO - CCB 156/171,II - NCPC 319 e 300.



EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SALVADOR/BA.






FREDERICO SOFRÊNCIO, (qualificação e endereço completos), por seu advogado que esta subscreve (doc. 01), com endereço profissional indicado no cabeçalho desta, onde recebe intimações, pelo procedimento comum (art. 318 do NCPC), vem à presença de Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO
(COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA CAUTELAR PARA LANÇAMENTO DE INDISPONIBILIDADE DE IMÓVEL JUNTO AO RI)

           em face GEOVANA ESPERTA, (qualificação e endereço completos), pelos fatos a seguir expostos:

DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO

1 -              Em __/____/__, o autor foi surpreendido com uma ligação telefônica de uma pessoa exigindo o pagamento da importância de R$300.000,00 (trezentos mil reais) pelo resgate de sua filha, Julia, que acabara de ser sequestrada.

2 -              Há cerca de 2 (dois) meses, os sequestradores enviaram para residência do autor um pedaço de orelha que supostamente era de Júlia, acompanhado de um bilhete afirmando que caso não fosse efetuado o pagamento do regaste, eles tirariam a vida de sua filha – Júlia (doc.  ).

3 -              O autor, desesperado com tal possibilidade, e tendo arrecadado apenas R$220.000,00 (duzentos e vinte mil reais), até a data do segundo contato com os sequestradores, vendeu para sua prima, ora ré, seu único imóvel situado em Fortaleza/CE, pelo valor de R$80.000,00 (oitenta mil reais). Ressalte-se que o pagamento foi efetuado no ato da celebração do contrato (doc.  ), e que desde o início da negociação estava ciente do sequestro e da necessidade do autor em arrecadar o valor total exigido pelos bandidos para salvar a vida da filha.

4 -              Importante frisar que o imóvel vendido à ré, trata-se de uma casa de 04 (quatro) quartos, com piscina, sauna, duas salas, cozinha, dependência de empregada, em condomínio fechado, cujo valor venal é de R$280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais), conforme se verifica do carnê de IPTU anexo (doc.  ).

5 -              Ocorre que 07 (sete) dias após a celebração do contrato e antes do pagamento do resgate, a Polícia Militar do Estado do Ceará, encontrou o cativeiro onde se encontrava a filha do autor, e a salvou, fato noticiado nos meios de comunicação da Cidade e do Estado (docs.  ).

6 -              Alguns dias depois, o autor procurou a ré para desfazer o negócio celebrado, alegando que somente vendeu o único imóvel e ainda por um valor muito abaixo do valor de mercado, para completar o valor do resgate e salvar a vida da filha. Indiferente às alegações do autor, a ré se negou a tanto.

(DO ESTADO DE PERIGO)

7 -              Não resta dúvida que o autor somente vendeu seu único imóvel por se encontrar em estado de perigo, nos termos do artigo 156 do CCB: “Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.”

(DA ANULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO)

8 -                   O artigo 171, II, do CCB, estabelece que o negócio jurídico poderá ser anulado quando presente o vício de consentimento resultante de estado de perigo, e foi justamente o que ocorreu no presente caso, pois, repita-se, o autor somente vendeu seu único imóvel e por um valor muito inferior ao valor de mercado, para salvar a vida da filha, sendo que a ré tinha plena ciência do sequestro e da necessidade do pagamento integral do resgate.

9 -                   Assim, por não querer a ré resolver amigavelmente a situação, não restou ao autor alternativa a não ser o ajuizamento da presente ação para ver anulado o negócio jurídico celebrado pelas partes.

DA TUTELA DE URGÊNCIA CAUTELAR PARA O LANÇAMENTO DE INDISPONIBILIDADE DO IMÓVEL JUNTO AO REGISTRO DE IMÓVEIS

10 -                Conforme já narrado acima, o autor procurou a ré para desfazer o negócio, pois, repita-se, foi realizado quando ele – autor – estava em estado de perigo, sendo que ela se negou a tanto.

11 -                Nobre Julgador, a ré já tendo ciência da intensão do autor, poderá vender o imóvel e, por consequência, frustrar o resultado último do processo, cujos objetos são a anulação da venda e a restituição das partes ao status quo ante.

12 -              Assim, presentes os requisitos do artigo 300 do NCPC para a concessão da tutela de urgência cautelar para o lançamento da indisponibilidade do imóvel junto ao RI competente, vale dizer, a probabilidade do direito do autor em ver anulada a venda do imóvel, e o risco ao resultado útil do processo, verificado na possibilidade da ré em vender o imóvel, causando grande prejuízo financeiro ao autor.

DOS PEDIDOS

13 -       Pelo exposto requer:

            a) LIMINARMENTE, a concessão da TUTELA DE URGÊNCIA CAUTELAR  para determinar a expedição de ofício ao Registro de Imóveis da Comarca da Capital, objetivando o lançamento da indisponibilidade do imóvel constante na matrícula nº ______ , e, ao final, a ratificação da tutela concedida

            b) a ANULAÇÃO da venda do imóvel feita à ré, uma vez que realizada sob o vício de consentimento, com a expedição do competente mandado judicial para o RI de Fortaleza/CE, para o cancelamento dos registros referente a transferência da propriedade e a indisponibilidade, retornando as partes ao status quo ante, e, 

            c)  a CONDENAÇÃO da réu ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios a serem fixados nos termos do artigo 85, § 2º, do NCPC.

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO

14 -    Por ter interesse na AUTOCOMPOSIÇÃO, requer a designação da AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO/MEDIAÇÃO e, por consequência, a citação do réu para comparecer à citada audiência, ficando ciente de que não havendo acordo, se iniciará o prazo para apresentar resposta, na forma da lei.

DAS PROVAS

15 -    Pretende provar o alegado com os documentos que instruem a presente petição, oitiva de testemunhas, depoimento pessoal dos réus e documentos novos (artigo 435 do NCPC).

DO VALOR DA CAUSA

16 -    Atribui à causa o valor de R$80.000,00 (oitenta mil reais).

(cidade), (estado), (dia), (mês), (ano)


Advogado
OAB/__

Nenhum comentário:

Postar um comentário